domingo , 29 dezembro 2024
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Imagens revelam novos locais de exploração ilegal em Terras Indígenas da Amazônia, aponta Greenpeace.

O Greenpeace Brasil encontrou novos pontos de garimpo nas Terras Indígenas (TIs) Kayapó e Yanomami, que já estão entre as mais afetadas por essa atividade. Esses locais estão distantes dos garimpos mais antigos e consolidados.

Em um comunicado enviado exclusivamente para a Agência Brasil, a organização informou que de julho a setembro deste ano, o garimpo resultou no desmatamento de 505 hectares nas TIs Kayapó, Yanomami, Munduruku e Sararé.

A medição da área destruída, equivalente a 707 campos de futebol, foi feita com a utilização de imagens dos satélites Planet Lab e Sentinel-2.

A análise das mudanças nessas três primeiras TIs mostrou um aumento de 44,48% da área desmatada no trimestre em comparação com o mesmo período de 2023.

O território dos kayapó foi o mais afetado, com um aumento de 35% na área desmatada durante o período analisado. No total, foram desmatados 315 hectares, o que equivale a cerca de duas vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

De acordo com o Greenpeace, a TI Kayapó atingiu três recordes no trimestre: maior concentração de área de garimpo (15.982 hectares); maior quantidade de novas áreas desmatadas para o garimpo; e maior concentração de incêndios florestais em 2024.

Em relação à TI Yanomami, a área total de garimpo é de 4.123 hectares, sendo 50 hectares adicionais registrados no trimestre avaliado. Neste caso, o aumento foi um pouco menor do que na TI Kayapó, chegando a 32%.

“Essas informações conflitam com o comunicado do governo federal no início de outubro, que indicava que nenhum novo garimpo foi identificado na região em setembro”, observou o Greenpeace.

No dia 4 de outubro, a Casa Civil divulgou um comunicado afirmando que, somente em setembro deste ano, foram realizadas 2.048 operações na TI Yanomami, focadas no combate ao garimpo ilegal, e que houve uma redução significativa de 96% na abertura de novos garimpos desde o início das ações em março de 2024, em comparação com os números de 2022.

“As imagens de satélite ainda mostram a expansão da nova fronteira de garimpo no sul do território Yanomami, denunciada pelo Greenpeace no início de 2024. Novas fronteiras também foram identificadas no Parque Nacional Pico da Neblina, localizado no sul da região”, complementou a entidade.

O Greenpeace também identificou um aumento de 34,7% na área devastada pelo garimpo na terra dos munduruku. Foram 32,51 hectares desmatados no último trimestre, sendo 3% da área afetados por queimadas e estiagem, o que agravou as crises alimentar e hídrica.

Na TI Sararé, o desmatamento causado pelos garimpeiros atingiu 106,98 hectares em agosto e setembro deste ano. A área total de garimpo é de 1.863,78 hectares, segundo o Greenpeace, que destacou a escalada da violência no território.

“Informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e utilizadas no estudo mostram que já foram realizadas 13 operações conjuntas da Polícia Judiciária, Ibama e Funai nessas TIs, mas ainda não é o suficiente”, frisou o Greenpeace.

A reportagem buscou retorno dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas, da Casa Civil e da Funai e aguarda retorno.

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