segunda-feira , 4 novembro 2024
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Homem que trouxe sua família ao Brasil afirma que é impossível viver no Líbano.

O filho de Hassan, o libanês Ahmad Nazar, tinha apenas 6 anos de idade quando seu pai foi morto em 1986 durante um ataque israelense na cidade de Arabsalim, localizada ao Sul do Líbano, a menos de 100 quilômetros da capital Beirute.

O pai de Ahmad, Hassan, estava abastecendo seu carro em um posto de combustível quando foi atingido por uma bomba, resultando em sua morte instantânea.

Neste sábado (19), Ahmad, atualmente residente no Brasil, reencontrou parte de sua família na Base Aérea de Guarulhos, após um longo voo de mais de 15 horas saindo de Beirute. Sua esposa Zeinab e seus três filhos, Lamis, de 12 anos, Sajed, de dez anos, e Farah, com um ano e meio, chegaram a bordo do sexto voo da Operação Raízes do Cedro, realizada pelo governo federal em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriar brasileiros que vivem no Líbano.

A família de Ahmad estava na mesma cidade onde seu pai foi morto, Arabsalim, enquanto os ataques israelenses se intensificavam nas últimas semanas no território libanês.

Ahmad relatou: “Não é mais seguro viver no Líbano. Antes, apenas a região Sul era perigosa, agora não há região segura”. Ele mudou-se para São Paulo em 2007.

Anteriormente, Ahmad e Zeinab planejavam que seus filhos seriam educados no Líbano e o pai os visitaria regularmente. No entanto, os planos mudaram devido à guerra e a família decidiu retornar ao Brasil.

O avião KC-30 da FAB pousou em Guarulhos às 07h28, trazendo a família Nazar, 208 outros passageiros e um gato a bordo.

A Operação Raízes do Cedro já repatriou um total de 1.317 passageiros, incluindo 242 crianças, 40 bebês, 138 idosos, 12 gestantes, 101 indivíduos com problemas de saúde e 12 pessoas com deficiência, bem como 15 animais de estimação.

Leila Hadi, outra passageira do voo da FAB, lamentou não ter conseguido trazer nenhuma de suas duas irmãs que atualmente vivem no Líbano. Ela estava residindo na região do Vale do Bekaa nos últimos dois anos, e expressou: “Eu deveria ter trazido pelo menos uma irmã comigo. Está muito assustador lá”.

Leila Hadi desembarcou do avião KC-30 da FAB na Base Aérea de São Paulo – Paulo Pinto/Agência Brasil

Leila compartilhou que qualquer barulho mais alto a faz lembrar dos bombardeios israelenses. Ela relatou: “Agora, até o barulho do avião aqui na pista me assusta. Agora é assim, nos assustamos o tempo todo relembrando dos bombardeios”.

Mohamed Elgandur, outro repatriado, tem família tanto no Brasil quanto no Líbano e costuma alternar sua moradia entre os dois países. Ele estava no Líbano e decidiu retornar ao Brasil, porém está preocupado com os parentes que ficaram para trás.

Mohamed explicou: “Moro lá e moro aqui. Tenho filhos e netos aqui. Minha esposa não pode viajar devido à saúde. Estávamos no Vale do Bekaa, na fronteira onde os bombardeios estavam ocorrendo, ouvindo aviões e bombardeios constantemente. Dizer que não tínhamos medo seria mentira. A maior preocupação é com a família”.

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