quarta-feira , 1 janeiro 2025
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Pesquisa identifica deficiências no método convencional de combate às drogas

Uma pesquisa inovadora, que entrevistou 90 indivíduos que residem na área chamada Cracolândia, devido à concentração de usuários de substâncias ilícitas, em São Paulo, revelou que 70% deles já foram internados pelo menos uma vez. O grupo de pesquisadores também identificou usuários de crack que foram internados mais de 30 vezes, o que, segundo os pesquisadores, indica que os especialistas que apoiam o tratamento atual estão equivocados.

Os dados estão presentes no relatório A ‘Cracolândia’ pelos usuários: como as pessoas que vivem nas ruas do território percebem as políticas públicas, divulgado nesta sexta-feira (25), pelo Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas (NEB/FGV), pelo Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (CEM/USP) e pelo Grupo de Estudos (in)disciplinares do Corpo e do Território (Cóccix).

As entrevistas ocorreram em julho e agosto de 2022 e, de acordo com os autores do estudo, ajudam a esclarecer muitos aspectos sobre a eficácia dos tratamentos existentes e sobre a população que habita o local, embora não representem toda a Cracolândia de forma abrangente.

A maioria dos participantes da pesquisa, mais de 80%, é composta por homens negros, com idades entre 30 e 49 anos. A maioria dos entrevistados afirmou fazer uso de crack, enquanto o restante mencionou consumo regular de álcool.

Os pesquisadores também procuraram entender quais são as relações interpessoais mantidas pelos usuários, mesmo residindo na região, e captar a percepção deles sobre os serviços de saúde disponíveis. Uma descoberta que evidencia a distância entre o modelo pensado e a realidade é o fato de que muitos entrevistados veem a internação como um local temporário, que proporciona descanso e recuperação física, sem resolver o problema do uso de drogas, ou seja, não atendendo ao seu propósito original.

A maioria (69%) dorme nas ruas e cerca de metade (40%) afirmou estar na região por escolha própria. Segundo os pesquisadores, esse grupo considera a Cracolândia como seu lar ou permanece na área por se sentir confortável ali.

O estudo destaca que metade dos participantes mantém contato com suas famílias. Outro dado relevante é que mais de dois terços realizam atividades produtivas regularmente, como reciclagem e venda de objetos.

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