O chefe da pasta de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, reconheceu que houve erro no planejamento de recepção e monitoramento dos torcedores do Peñarol. Mais de 200 indivíduos foram detidos nesta quarta-feira (23), após um tumulto generalizado na praia do Recreio, zona oeste da capital carioca, que envolveu incêndios, furtos, episódios de racismo, vandalismo e confrontos com a Polícia Militar.
“A segurança pública é de minha responsabilidade. E o que devo fazer agora é refletir internamente e rever todo o processo, identificar onde ocorreram falhas e tentar corrigir. São lições aprendidas. A segurança pública não é uma equação matemática, pois, mesmo sendo previsível em certos aspectos, há momentos em que foge ao controle e situações como essa ocorrem”, afirmou o secretário em uma coletiva de imprensa.
De acordo com Victor Santos, os problemas surgiram devido aos torcedores que estavam em três ônibus “desgarrados”, termo utilizado para aqueles que não tiveram suas viagens informadas previamente ao Consulado do Uruguai. Ele mencionou que será investigado se a “falha de comunicação” foi responsabilidade do Peñarol, da torcida ou do consulado em relação à secretaria.
“No entanto, isso não nos isenta de responsabilidade, pois assim que eles chegaram na orla do Recreio, tínhamos a obrigação de estar cientes do histórico que envolvia essa torcida. Em uma ocasião anterior, em Copacabana, um torcedor do Flamengo perdeu a vida em decorrência desses torcedores. Diante de todos estes antecedentes, falhamos ao subestimar o efetivo policial presente, acreditando que seriam capazes de agir e conter os três ônibus que estavam estacionados na orla”, reconheceu Victor Santos.
O secretário de Segurança informou que o efetivo policial está reforçado para a partida desta noite entre Botafogo e Peñarol, no Estádio Nilton Santos, zona norte do Rio, pela Copa Libertadores da América.
Os mais de duzentos torcedores foram encaminhados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, região que abriga delegacias especializadas. Devido ao grande número de pessoas, eles precisaram ser alocados em um auditório. Entre os detidos, há idosos e crianças. O cônsul do Uruguai compareceu ao local para auxiliar na identificação dos indivíduos. Todos eles serão proibidos de assistir à partida desta noite.
Caberá ao delegado responsável pelo caso ouvir os torcedores e investigar as responsabilidades no tumulto de hoje. Ele também será responsável por qualificar individualmente os crimes cometidos. Dentre as possibilidades, estão crimes de danos ao patrimônio, tentativa de homicídio e organização criminosa.
Até o momento, apenas dois torcedores estão detidos em flagrante na 16ª Delegacia de Polícia, um por furto de celular e outro por porte de arma.
Segundo o secretário, há também um possível caso de racismo. Torcedores teriam praticado gestos racistas contra um banhista negro na praia do Recreio imitando um macaco. Moradores do Terreirão, comunidade próxima à praia, intervieram em defesa do banhista. No entanto, a confirmação do incidente depende do relato da vítima e da identificação do agressor. Também foram registrados atos de vandalismo contra motos, carros e pertences de trabalhadores da orla. A secretaria orienta que eles registrem um boletim de ocorrência e reivindiquem a indenização ao governo estadual.
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