A intensificação do bloqueio de Israel no norte da Faixa de Gaza nas últimas três semanas resultou na escassez de água, comida e assistência médica na região. De acordo com a Agência para Refugiados Palestinos das Nações Unidas (UNRWA), que possui equipes trabalhando na região norte de Gaza, Israel tem negado a entrada de ajuda humanitária no território.
O diretor da agência da ONU, Philippe Lazzarini, afirmou nesta terça-feira (22) que Israel bombardeia incessantemente o norte do enclave há três semanas.
“Nossos funcionários relatam a falta de comida, água e assistência médica. O odor da morte está presente em toda parte, com corpos sendo deixados nas estradas ou sob os escombros. Missões para resgate de feridos ou prestação de ajuda humanitária são negadas”, declarou Lazzarini em uma rede social.
Estima-se que dezenas de milhares de palestinos ainda estejam no norte do enclave. A UNRWA vem apelando constantemente para que Israel permita a entrada de ajuda humanitária na região. Além disso, a agência informou que as tentativas de fuga são barradas com fatalidades, deixando corpos pelas ruas, e não são autorizadas missões de resgate de feridos sob os escombros.
No norte de Gaza, as pessoas aguardam a morte. Sentem-se desamparadas, sem esperança e isoladas. Vivem a cada momento temendo a morte”, acrescentou Lazzarini.
O alto-representante da União Europeia (UE) para assuntos externos, Josep Borrell Fontelles, também expressou preocupações sobre a situação no norte da Faixa de Gaza. De acordo com a autoridade europeia, os relatos vindos da região são angustiantes e pediu acesso de observadores internacionais e meios de comunicação ao local.
“O sofrimento humano causado pela fome deliberada e pelo deslocamento forçado não pode ser justificado. Condeno veementemente os intensos bombardeios e a destruição das instalações da UNRWA”, disse Fontelles em uma rede social.
Cerco aos hospitais
O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha) denunciou ataques e cercos a unidades de saúde no norte da Faixa de Gaza. De acordo com a organização, dois dos três hospitais restantes foram diretamente afetados.
“Nas últimas duas semanas, as forças israelenses intensificaram a pressão sobre esses hospitais para evacuação, porém os pacientes não tinham para onde ir. No hospital indonésio, dois pacientes faleceram devido à falta de energia e suprimentos; alguns profissionais de saúde tiveram que fugir para preservar suas vidas. A instalação está fora de operação”, alertou Muhannad Hadi, coordenador humanitário da Ocha para o Território Palestino Ocupado.
Israel
Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), o exército tem realizado operações na região de Jabalia, no norte de Gaza, com o objetivo de localizar militantes da resistência palestina e destruir infraestruturas militares usadas pelos grupos palestinos.
Novamente, Israel acusou os militantes de utilizarem instalações médicas para suas atividades. “A inteligência das IDF identificou uma clínica regional da UNRWA que havia sido tomada por terroristas e convertida em depósito de armas e esconderijo para terroristas na área. Os terroristas barricados na clínica abriram fogo contra as tropas e foram neutralizados”, disse a FDI.
Enquanto isso, o ministro da Segurança Pública de Israel, Itamar Bem-Gvir, continua defendendo a ocupação da Faixa de Gaza por assentamentos israelenses. “Encorajar a migração judaica e o estabelecimento em Gaza – está em nossas mãos!”, afirmou Itamar na segunda-feira (21).
Deixe um comentário